quarta-feira, 19 de março de 2025

PHDA no Adulto

 

Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) no Adulto

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é um transtorno neurobiológico que afeta tanto crianças como adultos. Embora seja frequentemente associada à infância, a PHDA persiste na idade adulta e pode manifestar-se de formas que impactam significativamente a vida diária. Na minha prática como Psicóloga Clínica, tenho visto como o diagnóstico e tratamento adequados podem transformar a vida dos meus pacientes. Vamos explorar as características, sintomas, critérios de diagnóstico e estratégias defendidas pelas abordagens mais recentes da Psicologia.

Características e Sintomas da PHDA no Adulto

A PHDA no adulto pode apresentar-se de várias formas, incluindo:

1. Défice de Atenção

  • Dificuldade em Manter a Atenção: Adultos com PHDA podem ter dificuldade em concentrar-se em tarefas prolongadas ou em manter a atenção em conversas.
  • Esquecimento Frequente: Esquecer compromissos, perder objetos ou ter dificuldade em seguir instruções são sinais comuns.
  • Distração: Facilmente distraídos por estímulos externos ou pensamentos internos.

2. Hiperatividade

  • Inquietação: Sentir-se inquieto ou agitado, mesmo em situações de repouso.
  • Impulsividade: Tomar decisões impulsivas ou interromper os outros frequentemente.
  • Dificuldade em Relaxar: Sentir dificuldade em relaxar ou descontrair, mesmo em ambientes calmos.

3. Problemas Executivos

  • Dificuldade em Organizar Tarefas: Problemas em planear e organizar tarefas diárias.
  • Gestão do Tempo: Dificuldade em gerir o tempo de forma eficaz, muitas vezes subestimando o tempo necessário para completar tarefas.
  • Tomada de Decisão: Dificuldade em tomar decisões informadas e ponderadas.

Critérios de Diagnóstico

O diagnóstico de PHDA no adulto é baseado em critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (DSM-5). Estes critérios incluem:

  • Persistência dos Sintomas: Os sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos e persistir na idade adulta.
  • Impacto Significativo: Os sintomas devem causar um impacto significativo em pelo menos dois contextos de vida, como o trabalho, a vida social ou familiar.
  • Exclusão de Outras Condições: Outras condições médicas ou psiquiátricas devem ser excluídas como causa dos sintomas.

Abordagens e Estratégias de Tratamento

As abordagens mais recentes da Psicologia para o tratamento da PHDA no adulto incluem uma combinação de terapias e estratégias que visam melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade diária.

1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A TCC é uma abordagem eficaz que ajuda os adultos com PHDA a desenvolver habilidades para gerir os sintomas. Foco em:

  • Reestruturação Cognitiva: Identificar e modificar pensamentos negativos ou disfuncionais.
  • Treino de Habilidades: Desenvolver habilidades de organização, gestão do tempo e resolução de problemas.

2. Treino de Funções Executivas

  • Organização e Planeamento: Utilizar ferramentas como agendas, aplicações de gestão de tarefas e listas de verificação.
  • Técnicas de Memória: Praticar técnicas de memória para melhorar a retenção de informações.

3. Mindfulness e Meditação

  • Redução do Stress: Práticas de mindfulness e meditação podem ajudar a reduzir o stress e a ansiedade associados à PHDA.
  • Atenção Plena: Treinar a atenção plena para melhorar a concentração e a capacidade de focar no momento presente.

4. Intervenções Psicoeducativas

  • Educação sobre a PHDA: Fornecer informação sobre a PHDA para ajudar os adultos a compreender melhor a sua condição.
  • Estratégias de Coping: Desenvolver estratégias de coping para lidar com os desafios diários.

A PHDA no adulto é uma condição complexa que pode afetar vários aspetos da vida diária. No entanto, com um diagnóstico adequado e o uso de abordagens terapêuticas baseadas em evidências, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida. Se suspeitas que tu ou alguém que conheces possa ter PHDA, não hesites em procurar ajuda profissional.

Com carinho, Patrícia Marques Psicóloga Clínica