terça-feira, 27 de abril de 2010

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Anorexia e Bulimia


Malditos Espelhos - Perturbações do Comportamento alimentar
Malditos espelhos!
Caminho a passos largos evitando todo e qualquer reflexo...fujo de mim mesma. Pedaços de imagens reflectidas espelham o meu (?) corpo. Repugna-me. Atormenta-me. E a culpa espreita. Malditos espelhos que me perseguem....que trazem toda esta angústia reflectida e carregam-me de mal-vindos pensamentos.
Numa sociedade, cada vez mais, exigente e ditada por ideais de perfeição, sentimo-nos pressionados e influenciados a seguir os modelos que nos impõem. Apesar de vivermos num mundo de diversidade, e de tantas campanhas pela não-discriminação e pela aceitação (Quem não se lembra da propaganda da Bennetton: «Todos diferentes, todos iguais»?), o apelo publicitário às formas 86-60-86, grita todos os dias em cada desfollhar de revistas/jornais, em cada anúncio que passa na televisão, em cada manequim das lojas de vestuário...trazendo-nos o sentimento de vergonha quando olhamos o reflexo no espelho, ou a culpa quando ousamos comer prazerozamente um hamburguer com todas as iguarias a que tem direito!
Inevitavelmente leva-nos a focar o nosso pensamento no corpo, detectando os seus “defeitos” e sonhando com os ideais a alcançar (menos barriga, pernas assim ou assado, rabo XPTO), planeando estratégias para atingir as metas definidas (apesar da procrastinação muitas vezes ganhar nesta batalha). Felizmente estes pensamentos vão e vêem pontualmente, quando despertados por alguma imagem utópica (que nos faz roer de inveja) com as suas formas platónicas, o que causa uma angústia subtil e transitória.
O problema surge quando estes pensamentos não descolam da nossa mente, envolvendo todo o nosso sentir e agir, implicando alterações na nossa qualidade de vida e afectando as esferas relacional, profissional/escolar, alimentar, corporal...
Nesse caso, estamos perante uma perturbação do comportamento alimentar, o que exige uma emergente procura de apoio de técnicos especializados, para que se possa intervir e restaurar o equílibrio emocional e pessoal.
Nas pertubações de comportamento alimentar ocorre uma alteração na forma de comportar em relação á alimentação, o que está relacionado com a percepção que o sujeito tem da sua imagem corporal e com crenças distorcidas e disfuncionais acerca de peso, do formato corporal, alimentação e valor pessoal.
As perturbações de comportamento alimentar mais incidentes são a Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, as quais sucintamente passo a descrever:
Na Anorexia Nervosa há uma perda de peso associada a uma progressiva mudança de comportamento alimentar, o que pode ter inicio através de uma dieta normal ou de uma restrição alimentar brusca. É frequente ocorrer um isolamento social, deteriorando-se as relações familiares e pessoais, devido a um foco obssessivo na alimentação.
Podemos apontar como sintomas:
Sintomas Físicos:
Perda visível de peso;
Dificuldade ao nível do sono;
Dores de estômago;
Perda de cabelo;
Sensação de frio constante;
Transtornos circulatórios;
Menstruação irregular ou inexistente;
Perda da força;
Dores de cabeça, tonturas e desmaios;
Palidez;
Lanugo (penugem em todo o corpo);
- Poderá haver perda de menstruação.
Sintomas Psicológicos:
Distorção da Imagem Corporal;
Alterações de humor, depressão, irritabilidade;
Crenças erradas quanto ao peso;
Procura constante do perfeccionismo;
Perda de interesse pelas actividades normais;
Isolamento;
Interesse excessivo por comida, calorias e receitas;
Dificuldade em concentrar-se;
Auto-estima determinada pela ingestão ou não de alimentos;
Culpa e/ou vergonha ao alimentar-se;
Sintomas Comportamentais:
Prática excessiva de exercício físico;
Cozinhar para os outros, mas não comer;
Frequentes desculpas para não comer (indisposição, refeição feita à pouco
tempo, etc.);
Pesagens constantes;
Vestir roupas largas;
Práticas alimentares pouco comuns (cortar a comida em pedacinhos,
mordiscar os alimentos);
Dificuldade em alimentar-se em público;
Secretismo quanto a hábitos alimentares.
Todas estas alterações bruscas e constantes na vida do sujeito têm um alto risco associado, podendo provocar problemas de saúde que comprometem quer a qualidade de vida, quer a própria vida. Os riscos mais comuns são a fadiga e perda de energia; a ausência de menstruação ou menstruação irregular; a infertilidade; os problemas de pele; a desidratação; a falta de ar; os batimentos cardíacos irregulares;o inchaço nas extremidades;a prisão de ventre; o enfraquecimento e a queda de cabelo;os problemas de estômago;a osteoporose;os problemas de fígado e rins;o desequilíbrio dos electrólitos;a redução dos níveis de potássio (causa comum de paragem cardíaca);a anemia; e as perturbações de foro emocional (como a Depressão).

A Bulimia Nervosa afecta, sobretudo, mulheres no fim da adolescência e inicio da vida adulta (apesar de haver cada vez mais relatos de aumento de incidência em mulheres com 30, 40 e 50 anos). Na Bulimia Nervosa ocorrem momentos de grande voracidade alimentar (com a ingestão de grandes quantidades de alimentos), ao que se seguem momentos de grande culpabilização e vergonha, podendo levar a um período de restrição alimentar para compensar os estragos feitos anteriormente. Frequentemente recorrem a estratégias para perder peso ou evitar o seu ganho, após estes momentos de ingestão compulsiva, como o vómito auto-induzido, o jejum, o recurso a laxantes ou/e a clísteres ou a exercício físico intensivo.
Os sintomas mais frequentemente apresentados são:
Sintomas Físicos:
Frequentes oscilações no peso;
Garganta irritada e glândulas inchadas;
Fadiga;
Dificuldades a nível so sono;
Irregularidade menstrual;
Sinal de Russell;
Vasos sanguíneos rebentados;
Fraqueza muscular;
Problemas dentários.
Sintomas Psicológicos:
Labilidade emocional;
Depressão;
Obsessão por dietas;
Dificuldade de auto-controlo;
Severa auto-crítica;
Auto-estima determinada pelo peso;
Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente;
Pensamentos de auto-censura depois de comer;
Sintomas Comportamentais:
Ingestão de grandes quantidades de alimentos;
Indisposição após as refeições;
Idas à casa de banho logo após a refeição;
Comer às escondidas;
Abuso de laxantes, substâncias para emagrecer e diuréticos;
Uso de clísteres;
– Induzir o vómito;
Isolamento;
Exercício físico em demasia;
Jejum prolongado e frequente;
Fuga a restaurantes, refeições planeadas e eventos sociais.
Similarmente á Anorexia Nervosa, também nesta perturbação há um risco elevado de distúrbios que poderão afectar gravemente a saúde, nomeadamente:
- Cansaço e perda de energia;
Menstruação irregular ou inexistente;
Dores de cabeça e tonturas;
Desidratação;
Prisão de ventre e diarreia;
Falta de ar;
Batimentos cardíacos irregulares;
Queda de cabelo;
Inchaço e dores de estômago;
Perda do esmalte dentário e cáries;
Irritação crónica da garganta;
Problemas de fígado e rins;
Aumento da glândula parótida;
Desequilíbrio hidroelectrolítico;
Mãos e Pés inchados;
Úlceras;
Dilatação e ruptura gástrica;
Escoriações nas mãos e articulações;
Anemia;
- Depressão e ansiedade;
Paragem cardíaca e morte.
É importante salientar que nestas perturbações, dados os riscos elevados para a saúde física e mental, é impriscindível uma intervenção atempada e multidisciplinar (Psicólogo, Psiquiatra, Nutricionista, Médico de Família, etc.):
  • Psiquiatras: Garantir o tratamento psiquiátrico por psicofarmacoterapia;
  • Psicólogos: Psicoterapia individual, terapia, orientação familiar, terapia cognitivo-comportamental;
  • Nutricionista: reabilitação nutricional, recuperação de peso, cessação de comportamentos para perda de peso, melhoria dos hábitos alimentares;
  • Médico: Supervisionar as alterações de saúde através de exames complementares regulares. Intervir sobre eventuais problemas de saúde decorrentes dos comportamentos desta perturbação.