segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Depressão e Tristeza


Nós como seres humanos não assistimos aos acontecimentos da nossa vida de uma forma neutra e imparcial, na medida em que todas as vivências nos afectam, de uma forma ou de outra.

É esta afectividade que confere a cada momento uma sensação subjectiva, que nos permite orientar o comportamento mediante os diferentes objectivos.

Neste sentido, a mesma situação pode despoletar sentimentos e sensações diversas em cada individuo, consoante o significado que este lhe atribui. Assim, perante uma situação de separação de um casal, dados os diferentes factores e variáveis que estão implicados, uma pessoa poderá reagir com raiva/agressividade, tristeza, alívio e esperança, culpa, entre tantos outros estados emocionais.

É importante distinguir entre a tristeza e a depressão (dita patológica, na qual é necessária a intervenção de um técnico especializado).

A tristeza consiste numa reacção normal e expectável face a um determinado aocntecimento (e.g. separação, luto, perda, desemprego, etc.), logo reactiva. Em que o sujeito sente-se triste, pessimista, com pouca esperança face ao futuro e vontade de se isolar dos outros. Por vezes, esta tristeza poderá se acompanhar do sentimento de culpa e/ou inferioridade consoante a situação que despoletou este estado de ânimo. É natural e aconselhável que o sujeito se permita a chorar e libertar a sua tristeza, para que possa de forma adequada vivenciar a expressão de sentimentos e voltar a restaurar os seus sentimentos e emoções, e encontrando o equilbrio.

O que diferencia sobretudo a Tristeza da Depressão, é a intensidade emocional, a duração, as causas e as repercursões na vida do sujeito. Isto porque na Tristeza tudo será mais reduzido, nãos e assitindo a consequências no dia-a-dia do sujeito, quera nível social, familiar, profissional/escolal, ou individual.

Na Depressão há um estado emocional desagradável em que o sujeito se sente desanimado e abatido, desinteressado das actividades habituais, sendo os seus sentimentos desapropriados e desproporcionais às situações (pequenas contrariedades que podem aborrecer uma pessoa normal tomam grandes proporções). Geralmente, a depressão tem implicações sobre o funcionamento fisiológico do individuo, afectando:

  • a qualidade do sono (dificuldade em adormecer, despertar precoce, pesadelos, agitação, excesso de sonolência)
  • o funcionamento sexual (diminuição de desejo sexual)
  • comportamento alimentar (perda ou aumento do apetite)

Os estados depressivos comportam ainda sentimentos de auto-desvalorização, incapacidade, inferioridade e culpa (fez algo que não devia ter feito ou não fez algo que devia). Nas situações mais graves ocorrem estados de auto-desvalorização tão intensos que podem conduzir a comportamentos auto-destrutivos (magoar-se a si mesmo, tentativas de suícidio).

Geralmente a pessoa deprimida sente-se cansada, lentificada e sem vontade de fazer as actividades habituais, ocorrendo com frequência a queixa: «gostava de fazer coisas e agora já não gosto, não me apetece...».

A pessoa pode sentir-se cada vez mais desmotivada, isolando-se da sua rede social e refugiando-se em casa (em estados mais graves, chega a ficar na cama o dia todo). O mundo vai surgindo para estas cada vez mais cinzento, sem graça e sem cor...

Há situações em que a pessoa deprimida não chora e poderá libertar a sua angústia e tristeza através da raiva e agressividade. Face a qualquer situação desagradável (por mais pequena que esta seja) poderá «explodir» emocionalmente, gritando, batendo ou partindo coisas.

Os principais sinais de alerta de uma depressão são:

Manifestações Fundamentais
Humor deprimido, Tristeza
Lentificação psicomotora
Auto desvalorização

Manifestações Adicionais
Anorexia/ emagrecimento
Bulimia/ aumento peso
Insónia/ Excesso de sono
Dores
Diminuição de desejo sexual
Fadiga
Falta de energia

É essencial, ainda, explicar que nas crianças nem sempre se apresentam sinais manifestos de tristeza, são antes sintomas de diversos tipos como instabilidade, anorexia, dores, gaguez, tiques, encoprese, enurese e insucesso escolar , que podem apontar para uma depressão na criança.

Diante um estado de sofrimento a criança pode utilizar mecanismos de rejeição, afastamento, retraimento, cólera ou mesmo raiva . Em resumo, poder-se-á apontar como sintomas manifestos:

1. Humor disfórico;
2. Autodepreciação;
3. Comportamento agressivo/agitação;
4. Distúrbios do sono;
5. Modificação dos desempenhos escolares;
6. Diminuição da socialização;
7. Modificação da atitude em relação à escola;
8. Queixas somáticas;
9. Perda da energia habitual;
10. Modificação do apetite e/ou perda de peso;

Por vezes, observam-se comportamentos regressivos, a criança volta a querer usar a chucha, volta a fazer xixi na cama ou solicita excessivamente a atenção da mãe/pai.
Na depressão infantil há sinais que mostram significativamente uma mudança do comportamento e atitudes, como por exemplo, a desvalorização pode ser expressa face a uma tarefa solicitada como o jogo ou desenho, em que se ouvem expressões como “não consigo”, “não sei” e se observa um abrandamento psicomotor e uma inibição motora marcados por uma certa lentidão ou agitação. Este sofrimento persistente pode provocar uma desadaptação progressiva, geralmente a nível escolar, mas também no ambiente familiar, o que irá acentuar a desvalorização da criança.

Nos casos de depressão é, muitas vezes, essencial o apoio de um técnico especializado (psicólogo e/ou psiquiatra) que possibilite o recorrer a estratégias adequadas para que o paciente ultrapasse esta problemática e reencontre o equilíbrio emocional.

Estou deprimido(a) o que faço agora?

Se sentiu-se identificado com os sintomas descritos anteriormente não fique assutado ou alarmado. Antes de mais tente identificar o que está a afectá-lo e de que forma implica sobre o seu dia-a-dia: se é a relação familiar, o relacionamento conjugal, se são questões financeiras, etc.

Ás vezes conversar com as pessoas implicadas no problema, poderá ajudar a encontrar as soluções e em tomadas de decisão importantes.

Poderá também fazer os seguintes exercícios:

  • Mudar a rotina diária habitual, incluindo um momento de descanso e de actividades que lhe deêm prazer.
  • Fazer exercicio físico regularmente, o que ajuda a eliminar a tensão e a relaxar, a melhorar a digestão, e a melhorar a qualidade do sono.
  • Viver o dia-a-dia, alcançando pequenas metas em vez de querer resolver tudo de uma vez.
  • Evitar situações que provoquem desconforto e que são prescindiveis da sua vida.

Estas são apenas pequenas dicas que poderão ajudar um pouco a minimizar o sofrimento. Não são de todo a solução para uma Depressão, visto que para ultrapassar este estado emocional patológico é recomendável procurar a ajuda de um psicólogo, de um psiquiatra, dos seus amigos e dos seus familiares.

Psiequilibrio,

Patrícia Marques